domingo, 23 de novembro de 2008

Castelã da Tristeza

Altiva e couraçada de desdém,
Vivo sozinha em meu castelo: a Dor!
Passa por ele a luz de todo o amor ...
E nunca em meu castelo entrou alguém!
Castelã da Tristeza, vês? ...
A quem? ...
E o meu olhar é interrogador
Perscruto, ao longe, as sombras do sol-pôr ...
Chora o silêncio ... nada ... ninguém vem ...
Castelã da Tristeza, porque choras lendo, toda de branco, um livro de horas,
À sombra rendilhada dos vitrais?
À noite, debruçada, plas ameias,
Porque rezas baixinho?
Porque anseias?
Que sonho afagam tuas mãos reais?



Florbela Espanca em "Livro de Mágoas"

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